MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
A Igreja Universal do Reino de Deus é investigada nos EUA sob suspeita de ter praticado os crimes de lavagem de dinheiro e conspiração, similar ao que o Código Penal brasileiro chama de formação de quadrilha.
Dois doleiros brasileiros disseram a promotores americanos ter remetido ilegalmente o equivalente a R$ 420 milhões do Brasil para Nova York, no período entre 1995 e 2001. As remessas eram na razão de R$ 5 milhões por mês, segundo a dupla.
O depoimento dos doleiros foi feito no âmbito de um acordo de delação premiada em Nova York. É uma negociação na qual criminosos tentam reduzir suas penas oferecendo informações que podem ajudar a desvendar novos crimes.
Os investigadores americanos tentam descobrir o que a Universal teria feito com esses recursos nos EUA.
A apuração é feita em caráter sigiloso e tem entre os seus alvos o bispo Edir Macedo e a tesoureira da igreja em Nova York, Regina da Silva.
Silva já foi indiciada pela Promotoria de Nova York noutra investigação sob acusação de ter praticado os crimes de apropriação indébita, falsificação de documentos, falso juramento e fraude.
Ela simulou ter feito assembleias em duas igrejas da Universal (Brooklyn e Queens) para levantar empréstimo de US$ 22 milhões.
DOLEIROS
A investigação americana sobre a igreja é um subproduto da maior operação já feita pela PF contra doleiros, realizada em 2004. Chamada de Farol da Colina (referência à empresa americana que abrigava a conta dos doleiros, a Beacon Hill), ela resultou na prisão de 62 doleiros.
Numa casa de câmbio em São Paulo, a Diskline, a PF achou um CD com arquivos de computador que fazia referência a uma suposta funcionária da Universal, batizada de "Ildinha/Fé".
Ilda, segundo investigação do Ministério Público Federal, "era encarregada de levar as malas de dinheiro para a empresa Diskline".
A casa de câmbio Diskline era a fachada de dois dos maiores doleiros do país, segundo a PF: Marcelo Birmarcker e Cristina Marini Rodrigues. São eles que fizeram o acordo de delação em Nova York e contaram ter remetido perto de R$ 420 milhões para os EUA a mando da igreja.
Bimarcker e Marini Rodrigues operaram três contas no Merchants Bank de Nova York, nas quais teria passado dinheiro sem origem da Universal. Eram contas abertas em nome de empresas criadas em paraísos fiscais: a Milano Finance Inc., Pelican Holding Group e Florida Financial Group.
CONTA CONGELADA
DE SÃO PAULO
A Igreja Universal do Reino de Deus é investigada nos EUA sob suspeita de ter praticado os crimes de lavagem de dinheiro e conspiração, similar ao que o Código Penal brasileiro chama de formação de quadrilha.
Dois doleiros brasileiros disseram a promotores americanos ter remetido ilegalmente o equivalente a R$ 420 milhões do Brasil para Nova York, no período entre 1995 e 2001. As remessas eram na razão de R$ 5 milhões por mês, segundo a dupla.
O depoimento dos doleiros foi feito no âmbito de um acordo de delação premiada em Nova York. É uma negociação na qual criminosos tentam reduzir suas penas oferecendo informações que podem ajudar a desvendar novos crimes.
Os investigadores americanos tentam descobrir o que a Universal teria feito com esses recursos nos EUA.
A apuração é feita em caráter sigiloso e tem entre os seus alvos o bispo Edir Macedo e a tesoureira da igreja em Nova York, Regina da Silva.
Silva já foi indiciada pela Promotoria de Nova York noutra investigação sob acusação de ter praticado os crimes de apropriação indébita, falsificação de documentos, falso juramento e fraude.
Ela simulou ter feito assembleias em duas igrejas da Universal (Brooklyn e Queens) para levantar empréstimo de US$ 22 milhões.
DOLEIROS
A investigação americana sobre a igreja é um subproduto da maior operação já feita pela PF contra doleiros, realizada em 2004. Chamada de Farol da Colina (referência à empresa americana que abrigava a conta dos doleiros, a Beacon Hill), ela resultou na prisão de 62 doleiros.
Numa casa de câmbio em São Paulo, a Diskline, a PF achou um CD com arquivos de computador que fazia referência a uma suposta funcionária da Universal, batizada de "Ildinha/Fé".
Ilda, segundo investigação do Ministério Público Federal, "era encarregada de levar as malas de dinheiro para a empresa Diskline".
A casa de câmbio Diskline era a fachada de dois dos maiores doleiros do país, segundo a PF: Marcelo Birmarcker e Cristina Marini Rodrigues. São eles que fizeram o acordo de delação em Nova York e contaram ter remetido perto de R$ 420 milhões para os EUA a mando da igreja.
Bimarcker e Marini Rodrigues operaram três contas no Merchants Bank de Nova York, nas quais teria passado dinheiro sem origem da Universal. Eram contas abertas em nome de empresas criadas em paraísos fiscais: a Milano Finance Inc., Pelican Holding Group e Florida Financial Group.
CONTA CONGELADA
As três contas movimentaram US$ 851 milhões apenas em quatro anos, entre 1998 e 2002, segundo perícia feita pela PF. Quando a polícia deflagrou a Farol da Colina, uma corte de New Jersey determinou que o saldo das três contas fosse congelado. À época, em 2004, os doleiros tinham US$ 1,32 milhão.
A Promotoria de Nova York começou a investigar as supostas remessas da Universal por uma razão simples: dinheiro sem origem da igreja teria passado por um banco que opera naquela cidade, o Merchants.
Pode parecer uma motivação fraca para uma investigação dessa envergadura, mas foi por essa razão que o deputado Paulo Maluf (PP-SP) virou réu numa ação em Nova York e teve sua prisão internacional decretada.
É preciso cuidado com depoimento em delação premiada, diz advogado da Univesal
http://www1.folha.uol.com.br/poder/787753-eua-investigam-igreja-universal-por-remessas-de-r-420-milhoes.shtml
Notícia de 11 de agosto de 2009:
Edir Macedo e mais 9 viram réus, acusados de desviar dinheiro de fiéis
Justiça aceitou denúncia contra pessoas ligadas à Igreja Universal.
Eles foram denunciados por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
A Justiça de São Paulo aceitou denúncia nesta segunda-feira (10) contra o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, e outras nove pessoas por suposta formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público, para adquirir empresas de comunicação e outros bens, o grupo usava dinheiro doado por fiéis da Igreja Universal. O dinheiro, de acordo com o MP, era enviado ao exterior e voltava ao Brasil por meio de empresas de fachada. Segundo o artigo 150 da Constituição, "é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios" instituir impostos sobre "templos de qualquer culto".
As dez pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. O processo está em andamento na 9ª Vara Criminal da capital. Todos passaram a ser réus no processo e têm dez dias – prazo estabelecido no Código Penal - para apresentar defesa prévia.
De acordo com o MP, a denúncia, apresentada no dia 5 de agosto, é resultado de investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A Justiça decidiu aceitar a denúncia nesta segunda (10).
Entre os denunciados estão Edir Macedo, Alba Maria da Costa, Edilson da Conceição Gonzales, Honorilton Gonçalves da Costa, Jerônimo Alves Ferreira, João Batista Ramos da Silva, João Luís Dutra Leite, Maurício Albuquerque e Silva, Osvaldo Scriorilli e Veríssimo de Jesus. Segundo o Ministério Público, todos são ligados à Igreja Universal.
Outro lado
O G1 procurou o advogado dos réus e a Igreja Universal e aguarda resposta.
Ao jornal "Folha de S.Paulo", o advogado Arthur Lavigne disse que tanto a Unimetro quanto a Cremo tiveram suas contas aprovadas pela Receita Federal. Ele negou fraudes e disse que a Universal e seus integrantes são perseguidos pelo Ministério Público Estadual.
Entenda o caso
De acordo com o MP, os denunciados integram um grupo que supostamente remetia os recursos oriundos de doações dos fiéis da igreja para duas empresas: a Unimetro Empreendimentos S/A e a Cremo Empreendimentos S/A. Segundo os promotores, são empresas de fachada, pertencentes aos denunciados e instaladas em um mesmo endereço.
Segundo comunicado divulgado pelo Ministério Público, "para os promotores, ficou comprovado que o dinheiro das doações, em vez de ser utilizado para a manutenção dos cultos, era desviado para atender a interesses particulares dos denunciados".
O comunicado diz que Cremo e a Unimetro "remetiam esses recursos para empresas localizadas em paraísos fiscais". Segundo o MP, "o esquema garantia que o dinheiro retornasse ao Brasil em forma de contratos de mútuo celebrados com intermediários que fazem parte do grupo acusado, e fosse utilizado na compra de empresas de comunicação".
Em 2004 e 2005, de acordo com o MP, as duas empresas "foram responsáveis pela movimentação, ocultação e dissimulação de mais de R$ 71 milhões".
O Ministério Público diz que, há dez anos, o grupo utiliza a Igreja Universal para a prática de fraudes. O MP estima que a Igreja Universal movimente cerca de R$ 1,4 bilhão por ano no Brasil como resultado de doações de fiéis.
Matéria no Jornal Nacional, da Rede Globo (11/08/2009):
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